PONTO DE VISTA ( www.oficinainforma.com.br)
Terça-feira, 30 de abril de 2002
"A denúncia do The New York Times" de que o golpe na Venezuela foi financiado por entidade dos EUA "
DÓLARES PARA A DEMOCRACIA À AMERICANA
A Folha de S. Paulo republicou nesta sexta-feira uma denúncia veiculada pelo jornal The New York Times, segundo a qual o recente golpe de Estado contra o presidente venezuelano Hugo Chávez foi financiado pela National Endowment for Democracy (Dotação Nacional para a Democracia – NED), uma organização não-governamental que recebe fundos do Congresso dos Estados Unidos para "fomentar a democracia" em todo o mundo e que também é integrada por brasileiros muito conhecidos, como o sociólogo Bolívar Lamounier.
O repórter Christopher Marquis, do NYT, afirma que nos últimos anos essa organização canalizou US$ 877 mil dólares para grupos empresariais, sindicais e de comunicação da Venezuela, os mesmos que estiveram envolvidos no golpe contra Chávez na madrugada do dia 14 de abril.
Marquis informou que embora o objetivo expresso da entidade seja fomentar a democracia em todo o mundo, o escritório de direitos humanos do Departamento de Estado está estudando a hipótese de que um ou mais dos receptores de suas verbas tenham conspirado ativamente contra Chávez.
Só a Confederação dos Trabalhadores da Venezuela (CTV), recebeu da NED US$ 154,4 mil, por intermediação do Centro Americano de Solidariedade Sindical Internacional, o braço internacional da AFL-CIO (a principal central sindical americana).
Foi a CTV que liderou as greves que anteciparam o golpe. O seu presidente, Carlos Ortega, cooperou estreitamente com Pedro Carmona, o líder empresarial que usurpou a presidência de Cháves por dois dias. Segundo Marquis, a NED também forneceu recursos significativos aos departamentos de política externa dos Partidos Republicano e Democrata dos Estados Unidos para financiar ações na Venezuela. Esses partidos pagaram as viagens de muitos críticos de Chávez a Washington.
No dia do golpe, diz Marquis, o Instituto Republicano Internacional (IRI) – uma das quatro entidades associados à NED – saudou a queda de Chávez num comunicado de seu presidente, George A. Folsom, segundo o qual "os venezuelanos foram levados a agir por causa da repressão sistemática promovida pelo governo de Chávez."
Com um orçamento anual de US$ 33 milhões, aprovado pelo Congresso dos Estados Unidos, a NED financia centenas de grupos que promovem a democracia, segundo o padrão estadunidense, em todo o mundo.
Para ser mais preciso, a entidade é utilizada pelo governo americano para terceirizar as ações que julga necessárias para a defesa dos interesses americanos ao redor do mundo. Pode se ler em sua página na Internet, que "de tempos em tempos o Congresso aprovou alocações de recursos especiais para que a NED executasse iniciativas democráticas específicas em países de interesse, incluindo a Polônia (por meio do sindicato Solidariedade), Chile, Nicarágua, Leste Europeu (para ajudar a transição democrática depois do fim do bloco da União Soviética), África do Sul, Burma e outros. Mais recentemente, o Congresso aprovou um fundo especial para a região dos Bálcãs, o qual foi usado pela NED para apoiar grupos civis, incluindo aqueles que jogaram um papel-chave na abertura eleitoral da Sérvia no outono de 2000".
Essa terceirização é importante porque se uma das ações fracassa, como aconteceu na Venezuela, o governo americano sempre poderá dizer que não tinha nada a ver com isso. Em 1995, uma carta assinada por sete ex-secretários de Estado (Baker, Eagleburger, Shultz, Haig, Kissinger, Muskie e Vance) não apenas endossou o trabalho da NED como elogiou o seu caráter não-governamental, nos seguintes termos: "Nós consideramos que o caráter não-governamental da NED é mais relevante hoje do que quando ela foi fundada doze anos atrás". Essa informação também pode ser lida na página eletrônica da NED (www.ned.org).
A entidade é presidida por Carl Gershman, um ex-conselheiro da representação dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas e do Conselho de Segurança Nacional, e assíduo colaborador de publicações conservadoras como The New Republic, The Wall Street Journal, The American Spectator, Commentary etc. Sua diretoria é integrada por políticos ultraconservadores, como o ex-embaixador americano na ONU, Richard C. Holbrooke, e o filósofo do Departamento de Estado, Francis Fukuyama.
Para melhor desenvolver suas ações, a NED fundou o Movimento Mundial pela Democracia, para o qual serve como secretariado, e que ela chama de "rede de todas as redes" para "conectar e unir pessoas e organizações ao redor do mundo que estão trabalhado diariamente na produção dos valores democráticos e construindo e fortalecendo as instituições democráticas em seus respectivos países". O cientista político Bolívar Lamounier, pesquisador do Instituto de Estudos Econômicos, Sociais e Políticos (IDESP), integra o comitê de nove diretores da rede regional nas Américas. Foi Lamounier quem organizou a Segunda Assembléia do Movimento Mundial pela Democracia que aconteceu entre os dias 12 e 15 de novembro de 2000, em São Paulo.
O presidente Fernando Henrique Cardoso compareceu ao evento, realizado no Memorial da América Latina, ocasião em que fez um pronunciamento intitulado "A Democracia como Ponto de Partida".
Faculdade esta me deixando louco!!!!!!!!AAAAAAAAAHHHHHHHHHAHAHHHAHHAAAAAAAAAHHHHH!!!!!!!!!!